Sobre o livro:
A dor é algo quase concreto, absolutamente verdadeiro. As únicas coisas que temos de verdade, provêm da dor que vivenciamos. O sofrimento, assim encarado, é uma obra de arte. Um poema inspirado. E uma obra de arte nasce, ou de um grande sofrimento ou de uma dor errante, sem alvo específico. Esta é uma obra de arte assim, deste tamanho.
Sempre achei que um ou alguns daqueles meninos deviam escrever. Só assim as pessoas de fora poderiam entender a dor aos pedaços que é servida diuturnamente a cada um deles. Ninguém tem mais autoridade para falar sobre as questões prisionais para menores de idade, do que quem as viveu. Os funcionários, diretores, técnicos, não sabem de quase nada. A vida nas Unidades é clandestina como na prisão. É uma existência prisional.
Esses textos, que incialmente parecem simples, são de uma grandeza imensa. Falam de uma coletividade cuja infância vem sendo roubada. De pequenos jovens obrigados a decidir como homens, sem terem os valores que alicerçam suas escolhas. Falam de vidas truncadas, estatutos rasgados e futuros esfarelados como a poeira do chão que eles pisam.
O autor consegue nos levar ao clima da Fundação Casa, que de Casa não tem nada, de forma quente e espessa como sangue, que parece escorrer das mãos que escrevem. A linguagem neste livro é seca, dura como a pedra e a dor, que crava fundo em quem o lê. A mim, que já vivi tudo isso na pele, a vontade, após a leitura é de fazer estancar toda essa hemorragia.
Caso fosse capaz de dizer algo sobre este livro, eu diria que, com muita arte, foi escrito por alguém que, assim como eu, chora por toda essa humanidade brutalmente arrancada, e tenta, de alguma forma, esclarecer, brandindo seu chicote de palavras.
Luiz Alberto Mendes
Sempre achei que um ou alguns daqueles meninos deviam escrever. Só assim as pessoas de fora poderiam entender a dor aos pedaços que é servida diuturnamente a cada um deles. Ninguém tem mais autoridade para falar sobre as questões prisionais para menores de idade, do que quem as viveu. Os funcionários, diretores, técnicos, não sabem de quase nada. A vida nas Unidades é clandestina como na prisão. É uma existência prisional.
Esses textos, que incialmente parecem simples, são de uma grandeza imensa. Falam de uma coletividade cuja infância vem sendo roubada. De pequenos jovens obrigados a decidir como homens, sem terem os valores que alicerçam suas escolhas. Falam de vidas truncadas, estatutos rasgados e futuros esfarelados como a poeira do chão que eles pisam.
O autor consegue nos levar ao clima da Fundação Casa, que de Casa não tem nada, de forma quente e espessa como sangue, que parece escorrer das mãos que escrevem. A linguagem neste livro é seca, dura como a pedra e a dor, que crava fundo em quem o lê. A mim, que já vivi tudo isso na pele, a vontade, após a leitura é de fazer estancar toda essa hemorragia.
Caso fosse capaz de dizer algo sobre este livro, eu diria que, com muita arte, foi escrito por alguém que, assim como eu, chora por toda essa humanidade brutalmente arrancada, e tenta, de alguma forma, esclarecer, brandindo seu chicote de palavras.
Luiz Alberto Mendes
Sobre o autor:
Lucas Verzola nasceu em São Paulo em 1988. É autor de São Paulo Depois de Horas (Patuá, 2014), finalista do Prêmio SESC de Literatura 2013/2014 na categoria contos. Formado em direito pela USP, onde também cursou história, trabalha atualmente no gabinete da vice-presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Integrou antologias e tem poemas e contos publicados em revistas e jornais literários. E-mail: [email protected]. |